Autor: Luiz Felipe Pondé
Esse tema
é um dos preferidos da praga politicamente correta. Para eles, nem temos sexo,
mas gênero. O que é gênero, nesse caso?
A teoria
do gênero afirma que nossa sexualidade é socialmente construída. Nada há nela
de biológica. Assim sendo, as sociedades constroem os gêneros (leia-se, os
sexos) na dependência do poder das classes sociais ou dos grupos malvados da
vez. Claro, ao final, quem paga o pato é sempre o homem heterossexual.
Essa
discussão incide diretamente sobre questões caras ao politicamente correto,
desde as mais gerais até as mais específicas, como o patriarcalismo, para
algumas feministas o culpado pela poluição e pelos erros do Big Bang cósmico,
ou o fato de que mulheres têm normalmente pressão arterial mais baixa
"devido à opressão patriarcal", e não a dados fisiológicos bem
conhecidos. Mesmo a gravidez deve ser "culpa" do patriarcalismo. Aqui
vale contar um fato real ocorrido comigo.
Certa
feita, sentado ao lado de uma amiga um tanto feminista (infelizmente, porque
ela até é bonitinha, e feministas, normalmente, são azedas porque são feias)
antes de um debate do qual participaríamos, vi com meus próprios olhos o quão
absurdo pode ser o mau-caratismo do politicamente correto (no caso específico
da sexualidade e das diferenças entre mulheres e homens).
Minutos
antes de o debate começar, ainda sentados na plateia, ela se sente mal. Mãos
frias, tontura, mal-estar. Digo a ela que vá ao ambulatório da instituição
porque deve ser pressão baixa, fato comum nas mulheres (que têm pressão em média
mais baixa do que os homens segundo todas as pesquisas médicas conhecidas). Ela
vai. Minutos depois volta se sentindo melhor, dizendo que era mesmo pressão
baixa e que depois de uns minutos deitada e uma pequena medicação melhorou.
Ao
iniciar o debate, ela diz ao público como sou machista porque supus que ela, ao
se sentir mal, deveria estar com pressão baixa. Independentemente do fato de eu
ter acertado o diagnóstico ( os sintomas eram de pressão baixa), e de que a
pressão mais baixa das mulheres é uma constatação científica (decorre se sua
menor massa e metabolismo), ela insistia que tudo isso era mero machismo e
ideologia patriarcal. Resultado: as diferenças fisiológicas são também fruto
das construções sociais para as fanáticas da teoria de gênero.
Esse fato
é em si um diagnóstico: como o politicamente correto afeta mesmo pessoas
inteligentes (e bonitas).
O que
está pressuposto por trás da hipótese da minha amiga afetada por essa praga?
Que eu sou machista, que a medicina é machista, que os medíocres de pressão
arterial são machistas, que os ambulatórios são machistas, enfim, que o átomo é
machista. A construção social se faz assim: nem a fisiologia é biológica, mas
social e política. Dá sono, não?
Para
esses fanáticos, homens e mulheres não existem da mesma forma que cães e gatos,
mas são projetos ideológicos. Todas as diferenças de temperamento,
comportamento, expectativas e mesmo biológicas são frutos do patriarcalismo.
Um bom
antídoto contra o politicamente correto nesse campo é o darwinismo. Mas, antes,
uma breve explicação de como o darwinismo funciona.
O
mecanismo de seleção natural não pressupõe qualquer inteligência operando acima
da matéria e seus elementos. Não me interessa aqui a discussão do darwinismo
com o criacionismo, portanto não vou entrar em reflexões cosmológicas ou
(a)teológicas acerca da origem do universo. Meu interesse recai apenas sobre o
que o darwinismo nos relata a respeito da psicologia evolucionista, ou seja, o
mecanismo de seleção natural atuante no âmbito do comportamento humano.
A seleção
natural opera a partir de dois conceitos básicos: acaso e acúmulo de design
cego. O acaso diz que o meio ambiente é acaso, e a mutação do DNA também. A
rigor, no darwinismo contemporâneo, o que passa por seleção é o DNA ou material
genético. Mutações ao acaso ocorrem nesse material e são selecionadas pelos
efeitos do meio ambiente. As mais adaptadas sobrevivem e levam à prole, via
reprodução, seu sucesso adaptativo. O verbo em inglês é to fit. Por sua
vez, o acúmulo de design cego é o processo através do qual (a evolução
propriamente dita) um conjunto específico de material genético vai sendo
selecionado, e aquilo que dele for eliminado jamais voltará ao "mercado da
seleção natural", portanto, ao longo do tempo, um conjunto específico de
genes permanece desenhando (designing) uma espécie bem mais adaptada.
Por exemplo, sendo o Neandertal extinto, você não pode ter um filho Neandertal.
A história da evolução não anda para trás, daí a evolução. Ao longo do
tempo, a sensação é de uma "relação" invisível entre o material
genético adaptado e as demandas do meio ambiente na história da seleção daquela
espécie, daí a impressão de que há um design (projeto), mas ele é cego (ninguém
está "olhando e organizando" o processo).
No caso
de comportamento, apenas temos que adicionar a hipótese de que um comportamento
(ou um conjunto de comportamentos e regras de comportamento) é determinado por
uma composição genética bem-sucedida, por isso reproduzida nos descendentes. O
exemplo clássico é o que chamamos de moral: a moral como um todo se revelou
como um sucesso adaptativo, porque todos os grupos humanos a têm (mesmo que com
variação de "valores"), e ela regra e acomoda as tensões dentro do
grupo humano. Quando falamos em moral aqui, falamos em hábitos mesmo
inconscientes (a psicologia evolucionista trabalha com a noção de um
inconsciente biológico selecionado ao longo do tempo determinando a
consciência) que foram bem-sucedidos e por isso passaram para a frente, até
chegarem a nós.
Assim
sendo, segundo o darwinismo, homens e mulheres têm características diferentes,
herdadas pela seleção natural, as quais não são passíveis de construção ou
desconstrução social, como querem as chatas feministas, porque são frutos do
inconsciente "genético" herdado. Mesmo que você dê uma boneca para
meninos pequenas e os vista com roupa identificada como de meninas, isso não
garantirá uma "menina feliz consigo mesma".
Por
exemplo, por que dizer para um homem que o filho é a cara dele conta muito
enquanto para a mulher nada acrescenta de essencial na sua relação com a
criança? Por uma razão muito simples: a mulher não tem insegurança com relação
à prole, mas o homem tem, porque ele nunca tem certeza de que o filho seja seu
e , se não se cuidar, pode acabar cuidando do filho do vizinho. E a capacidade
de uma mulher de 100 mil anos atrás de ter um homem com ela era fator
determinante para a sua sobrevivência, principalmente quando grávida, por isso
a importância dela se mostrar fiel a ele. Era assim na caverna e ainda o é hoje
- mesmo mulheres "independentes" se sentem mal quando são mães
solteiras e sozinhas, mesmo que as chatinhas digam o contrário. A confiança na
mulher é chave essencial na relação de investimento na paternidade em família.
Os homens foram selecionados assim porque os ciumentos foram os que tiveram
sucesso em garantir sua sucessão. Os desencanados são desencanados porque
simplesmente não estavam nem estão interessados nela ou na prole deles. Mesmo
hoje em dia, se você for pedir a sua mulher para fazer um exame de DNA, o
casamento acabará por conta desse pedido - e você será mesmo um idiota em
fazê-lo. Dizer para uma mulher que o filho é a cara dela nada acrescenta em sua
plena segurança quanto à maternidade. Dizer para um homem que o filho é a cara
dele significa que ele não cria filhos que não são dele e, para ela, que ela é
fiel - portanto ela fica bem na fita. Homens e mulheres não agem assim
"porque querem", mas porque os que agem assim foram bem-sucedidos na
manutenção de sua descendência, e ela está aqui até hoje. Isso é a moral: homem
que ama investe e é inseguro, por isso precisa de sinais de fidelidade da
mulher. Mulher que quer ser amada e se sentir segura se comporta de modo a ser
vista como fiel, se ela quer o que as americanas chamam de homens keepers (guardães
ou bons partidos). A possibilidade de desenvolver amor pela parceira ou pela
sua cria foi um ganho adaptativo porque o macho pode assim ter família (somos
um animal gregário porque nossa cria "custa caro", principalmente num
meio ambiente onde podia ser comida toda hora por predadores), e a mulher podia
assim ser menos vítima de predadores em função da gravidez e do risco de morte
no parto. O número de fêmeas ancestrais que morriam sozinhas muito jovens
devido ao parto é dado conhecido pela paleontologia. Ossos
"solitários" são encontrados, revelando a morte da jovem mãe e de seu
bebê, cercados pela solidão e por predadores.
Sendo
assim, como Shakespeare já suspeitava em sua peça Otelo (o grande mouro
que destrói sua vida por duvidar de sua amada Desdêmona, como todo homem
apaixonado), quanto mais um homem ama (investe afetivamente em) uma mulher,
mais ele fica inseguro e ciumento. Se seu namorado estimula você a viajar
sozinha, ele provavelmente a está rifando. E a mulher e o "bando" não
pode abrir mão do macho investidor (aqui essa palavra não significa meramente
"dinheiro"), porque o meio ambiente no qual evoluímos sempre foi
extremamente perigoso. Por isso mesmo, uma fêmea até hoje não suporta machos
fracos, medrosos e "pobres".
O grande
problema da fêmea da espécie humana já há mais de dezenas de milhares de anos é
como sobreviver à gravidez e à lida com a prole. Passar sozinha por ambas as
coisas sempre foi má ideia, tanto fisiológica quanto psicologicamente.. A gravidez
é cara fisiologicamente para a fêmea (logo, o sexo também), e não para o macho.
Tirar o macho do exílio meramente animal para a humanização (fazê-lo
"amar", e não apenas "transar") foi um enorme ganho
adaptativo da espécie. Mas machos frouxos e pobres não servem para keepers.
Logo, mulher "gosta de dinheiro".
O
politicamente correto parece ser anticientífico. Mas, mais do que isso, ele faz
mal para homens e mulheres porque atrapalha milhares de anos de seleção natural
de comportamentos nos quais homens e mulheres se reconhecem. A pressão pela
"crítica ao macho" contamina as relações porque, apesar de se falar
muito hoje em dia sobre homens serem mais sensíveis que outrora, as mulheres
(que não suportam os fracos) só aguentam a sensibilidade masculina até a página
três. Passou daí, elas se enchem. A superação da praga do politicamente correto
é necessária em todos os campos do pensamento, mas nesse, talvez, mais do que
em todos os outros, porque, sendo a vida sexual e afetiva uma das chaves do
convívio humano, e sendo ela acima de tudo uma "carga" sobre as
costas dos heterossexuais, embaralhar, falsamente, os "papéis"
masculinos e femininos é péssimo para a vida cotidiana. Isso nada tem a ver com
"negar" a vida profissional das mulheres, mas com lembrarmos de
mulheres são mulheres, e homens são homens, pouco importando o que as azedas
queiram dizer. Claro que a sociedade impacta a sexualidade e seus modos de
ação, mas dizer que não há nada no homem e na mulher (ou na maioria esmagadora
deles) que tenha a ver com sua herança biológica é como negar a lei da
gravidade dizendo que os corpos caem apenas porque a ideologia opressora
persegue os copros de menor massa.
Para
terminar, um detalhe. Lembraria à leitora que não adianta ficar nervosa porque
os homens não erotizam a inteligência das mulheres, enquanto as mulheres
erotizam a inteligência dos homens. Fácil de entender: inteligência no homem é
como dinheiro, uma forma de potência. O homem apenas precisa da beleza da
mulher e, se a amar, da sua fidelidade. Isso não precisa ser motivo de briga -
na humanidade tem lugar para quase todo mundo.
Uma das
coisas que ganhamos quando vemos as coisas sob o ponto de vista darwiniano ou
pré-histórico é uma sensibilidade maior para refletir se os hábitos passados
não teriam, afinal, algum sentido.
Fonte:
PONDÉ, Luiz Felipe. Guia
Politicamente Incorreto da Filosofia. Cap. Mulher Gosta de Dinheiro. Ed.
Leya. p. 79/87.
Ponde eta perdendo o medo que tinha em bater de frente com o feminismo.
ResponderExcluirPondé é um dos poucos qu não está contaminado pelo espirito de rebanho.
Excluir"Era assim na caverna e ainda o é hoje - mesmo mulheres "independentes" se sentem mal quando são mães solteiras e sozinhas, mesmo que as chatinhas digam o contrário."
ResponderExcluirEu discordo completamente dessa asserção. Para a mulher ser completamente feliz e realizada, bastam os filhos e o dinheiro. Mulheres que são mães e financeiramente bem-sucedidas não se importam com homens.
As duas fraquezas da mulher são os filhos e o dinheiro. E algumas sequer são vulneráveis ao desejo da maternidade, já que maltratam, abandonam e até matam os filhos.
A verdade é que o homem, para a mulher, não passa de uma ferramenta. Quando a mesma possui o filho e o dinheiro, o homem torna-se completamente dispensável. Esse é um fato que comprovei incontáveis vezes quando dava aula particular, as mamães solteiras de classe média viviam felizes da vida. Já as que eram da classe A estavam no paraíso!
As mulheres almejam o dinheiro e querem ter filhos, claro o homem é um instrumento para isso (apesar de que existe os bancos de sêmen). Mas na própria evolução, a importância da família é na ajuda da criação dos filhos. Existe um instinto para buscar se formar uma família. Uma mãe solteira pode contra com a ajuda do para criar os filhos. Mas de certo modo elas não gosta de criar seus filhos sozinhas e por isso se não tem estão com o pai do filho, buscam que seu namorado atual seja o pai.
ExcluirNo mundo natural, não é impossível o seu oposto, uma mãe solteira com dinheiro seja plenamente feliz e realizada.
Discordo com os dois.
ExcluirUma mãe solteira não se sentem bem "sozinhas". Pois como não consegue ser totalmente racional, ela depende de um homem que consiga por ordem e autoridade na recinto familiar.
Acaba pois investindo tempo em outra coisa como bingos, caridade e etc..para não ficar perdida.
E mentindo mais do que o diabo. Mente quem diz que é feliz com dinheiro e filhos, sem um parceiro alfa. Mente que só o capeta. Mentira deslavada, querem dar uma de "machona", isso sim.
ExcluirÉ por isso que o homem deve procurar ser o mais independente possível, eliminar ao máximo a carência. Porque enquanto ele fica se esforçando, sofrendo, se limitando por causa da mulher, a mesma o enxerga como algo de pouca importância.
ResponderExcluirO homem tem de sair de sua alienação para se libertar.
ExcluirPondé é um cara de bom senso, muito bom esse texto.
ResponderExcluirseria ele um novo olavo de carvalho? ando me interessando muito pelos trabalhos dele principalmente por causa do livro "guia politicamente incorreto da história do brasil".
ResponderExcluirMe desculpa amigo, mais de Olavete o Ponde nao tem nada. Primeiro que o Olavo eh um teista fanatico e radical, cristao fundamentalista que defende principalmente o Criacionismo. Segundo, sua posicoes politicas e culturais, apesar de estarem, digamos, do mesmo lado, sao bem diferentes. O Olavo tem uma posicao bem contraria a certas liberdades, inventado movimentos gaysistas,teorias de conspiracoes exageradas para exacerbar seu fanatismo religioso e politico.
ExcluirFaz muito tempo em que eu estava procurando uma análise darwnista para o sentimento de 'amor' . E a explicação foi muito bem coerente , bem ao estilo de Desmond Morris .
ResponderExcluirespancou
ResponderExcluirCom luva de pelica, ou não? Essa chinelada foi pouco, odeio feminista.
ExcluirBoa análise, e boa contribuição à REAL. Coloquei um link no meu blog. Obrigado, confrade!
ResponderExcluirDepois dessa vou tomar Rivotril e encher a cara de chocolate. Não tem coisa pior que ser mãe solteira e sozinha. Só 0,00001% das mulheres que conseguem ser financeiramente bem sucedidas. A a maior parte trabalha no comércio ou em telemarketing, mesmo com curso superior.Ninguém sabe o quão é horrível chegar aos 40 sozinha ou com um homem frouxo e pobre do lado.
ResponderExcluirEsse livro é fera!
ResponderExcluirApesar de estar entre as "bem-sucedias" e haver me tornado celibatária, EU ADMITO: MULHER GOSTA DE HOMEM CORAJOSO, BONITO, RICO, NÃO SOCIALISTA, MACHO DE VERDADE E EDUCADO COMO BATMAN! ;)
ResponderExcluirPATRICIA G ACABOU DE SE AUTO-TITULAR COMO O TIPO DE MULHER QUE VÊ O HOMEM COMO FERRAMENTA..COMO UM ATIVO PARA COMPOR SUA VIDA SOCIAL FETICHISTA..SEU CÍRCULO SOCIAL PELA QUAL A IMAGEM VALE MAIS DO QUE TUDO.....
ResponderExcluirHOMEM SEM GRANA PRA ELA É SINAL DE FROUXO