O Iluminismo assim como o renascimento teve grande impacto
no ocidente enquanto fenômeno não só histórico, mas cultural. Buscava-se substituir
a metafísica cristã herdada de Platão e Aristóteles, pela razão (desde os
gregos e na Idade Média se valorizava a razão). Queria-se destruir todo o
sistema filosófico antigo e colocar em sue lugar uma nova maneira de pensar.
Isso acabou gerando o niilismo, porque sem a metafísica cristã para servir de
esteio para os valores, logo a moral laica iluminista não se sustentaria,
caminhando para o niilismo e esse niilismo nos levaria a revolução sexual
atual. A total falta de valores e promiscuidade é nada menos do que filho do
resultado dos iluministas quererem varrer para longe os valores cristãos.
Graças a eles as pessoas estão se reduzindo a animais.
A Moral de Platão
Num primeiro momento, Platão polarizou quase toda a sua
atenção sobre os valores da alma como se fossem os únicos valores, pouco a
pouco, solicitado sobretudo por seus interesses políticos, atenuou a
desvalorização dos outros valores e chegou à dedução de uma verdadeira e
própria tábua de valores, a primeira sistemática e completa que nos foi
transmitida pela antiguidade.
1) O primeiro e mais elevado lugar pertence a Deus e,
portanto, aos valores que podemos denominar religiosos.
2) Logo após Deus vem a alma que é, no homem, a parte
superior e melhor, com os valores que lhe são peculiares da virtude e do
conhecimento, ou seja, com os valores espirituais.
3) Em terceiro lugar, vem o corpo com seus valores (os
valores vitais como hoje se diria).
4) Em quarto lugar, vêm os bens da fortuna, as riquezas e
os bens exteriores em geral.
Como é evidente à primeira leitura dessa tábua, o lugar
que cada valor ocupa corresponde, exatamente, ao lugar que, na ontologia geral
de Platão, ocupa cada um dos seres a que eles se referem. E como o sensível é
inteiramente dependente do supra-sensível, de tal modo que ele é somente em
função do ser supra-sensível, assim os valores ligados ao sensível são e valem
somente em função dos valores meta-sensíveis. Note-se, em particular, que os
valores que ocupam o terceiro e quarto lugares são tais somente se subordinados
ao valor superior da alma. Se acaso forem antepostos ou de algum modo opostos
aos valores da alma, tornam-se negativos e tornam-se contra-valores.
O anti-hedonismo de Platão se baseia na distinção das
várias funções ou partes da alma, prazer é entendido, embora com algumas
oscilações, como prerrogativa da alma mais do que do corpo. E sendo três as
partes da alma, concupiscível, a irascível e a racional, haverá três espécies
de prazer: os prazeres ligados às coisas materiais e às riquezas (próprios da
alma concupiscível), os prazeres ligados à honra e à vitória (próprios da alma
irascível) e os prazeres do conhecimento (próprios da alma racional). Os
prazeres da terceira espécie são muito superiores, em primeiro lugar porque
muito superior é a faculdade racional da alma à qual se referem, em segundo
lugar porque os objetos que provocam os prazeres da razão são muito superiores
aos que provocam o prazer das outrus partes da alma. Mais ainda, somente os
prazeres da terceira espécie silo "autênticos", enquanto as outras
duas espécies de prazer são "espurias". Com efeito, o prazer é, em
geral, como o "encher" e o "tornai repleto" algo vazio; mas
nem o corpo e as partes inferiores da alma são capazes de reter o que recebem
nem seus objetos são capazes de saciar, porque não são o ser verdadeiro, ao
passo que a parte superior, tornando-se plena com o verdadeiro ser, experimenta
em sumo grau o prazer.
Ao homem, que é uma alma num corpo, não convém uma vida
de pura inteligência que é indubitavelmente a vida mais divina, mas, justamente
porque é tal, é vida mais do que humana, é vida dos deuses eternos. Mas também
não convém ao homem uma vida de puro prazer, que é uma vida puramente animal.
Ao homem convém uma vida "mista" de inteligência e de prazer.Mas, em
primeiro lugar, deve-se notar que os prazeres que Platão aceita na "vida
mista" são somente os "prazeres puros", vale dizer, os prazeres das atividades espirituais
e das percepções; em segundo lugar, deve-se também notar que a direção
permanece inteiramente confiada à inteligência e somente a esta.
Qual a finalidade de seguir a moral?
No diálogo Górgias, pela primeira vez, Platão afronta
todos os problemas fundamentais relativos à vida do homem, que se lhe apresenta
dramaticamente, como em nenhum dos escritos precedentes, em todas as suas mais
gritantes e trágicas contradições: Sócrates, o justo, foi morto e, ao
contrário, o injusto parece triunfar; o virtuoso e justo está à mercê do
injusto e sofre todas as suas agressões; o vicioso e o injusto parecem, ao
contrário, felizes e satisfeitos com as suas prepotências; o político justo
sucumbe, o político sem escrúpulos se impõe; o bem é que deveria triunfar e, ao
contrário, é o mal que parece prevalecei. De que lado está a verdade? Cálicles,
um dos protagonistas do dia logo, que exprime as tendências mais extremistas amadurecidas
naquela época (como vimos, falando dos epígonos dos sofistas), não hesita em proclamar,
com a mais deslavada impudência, que a verdade está do lado do mais forte, isto
é, daquele que sabe zombar de tudo e de todos, gozar de todos os prazeres,
satisfazer a todas as paixões, saciar todo desejo, buscar todos os meios que
servem a seus fins; a justiça é uma invenção dos fracos, a virtude uma
estultície, a temperança um absurdo; quem se abstém dos prazeres, é moderado e
governa suas paixões é um estulto, porque a vida que ele vive é, em realidade,
igual a uma morte.
É justamente em resposta a essa visão extrema que Platão,
avançando além de Sócrates, reencontra a verdade do ensinamento
órfico-pitagórico. Cálicles e todos aqueles (pseudo-sofïstas e homens políticos
do tempo) dos quais Cálicles é símbolo dizem que a vida do virtuoso, que mortifica
os instintos, é vida sem sentido e, portanto, morte. Mas, que é a vida? E que é
a morte? Essa que chamamos vida não poderia acaso ser morte e, ao contrário,
ser verdadeira vida aquela que começa com a morte?
É claro que, para Platão, torna-se fonte de solução
justamente a resposta ao problema que Sócrates deliberadamente deixara sem
solução, ou seja, o problema da sorte escatológica da alma. Se a alma fosse
mortal e se, juntamente com a morte do corpo, também o espírito do homem se
dissolvesse no nada, a doutrina de Sócrates não seria suficiente para refutar a
de Cálicles. Para Platão, não basta dizer que o homem é a sua psyché, como
Sócrates dizia, mas é preciso estabelecer ulteriormente se essa psyché é ou não
imortal. Somente a resposta a esse problema passa a ser verdadeiramente
decisiva.
Em consequência, a doutrina da imortalidade passa ao
primeiro plano e dá nova feição à ética e à política.
Viver para o corpo (como faz a maior parte dos homens)
significa viver para aquilo que está destinado a morrer; viver para a alma
significa, ao contrário, viver para aquilo que está destinado a viver sempre,
significa viver purificando a alma por meio de um progressivo desapego do
corpóreo.A purificação da alma se realiza quando a alma, transcendendo ou sentidos,
toma posse do mundo do inteligível puro e do espiritual, unindo-se a ele como
ao que lhe é congênito e conatural. A purificação aqui, diversamente das
cerimônias iniciáticas dos órficos, coincide com o processo de elevação ao
conhecimento supremo do inteligível. É necessário refletir justamente sobre
esse valor de purificação reconhecido à ciência e ao conhecimento, para
compreender a novidade do "misticismo" platônico: ele não é uma
contemplação alógica e extática, mas um esforço catártico de pesquisa e de
subida progressiva ao conhecimento. Assim se entende perfeitamente por que o
processo do conhecimento racional seja, para Platão, processo de conversão
moral: na medida em que o processo do conhecimento conduz-nos do sensível ao
supra-sensível, converte-nos de um mundo a outro e nos leva da falsa à
verdadeira dimensão do ser. Portanto, conhecendo, a alma se cura, purifica-se,
converte-se e se eleva. Nisso consiste a sua virtude.
Se, nesta vida, o justo é vítima das opressões dos
injustos, ao ponto de ser impunemente vítima de bofetadas, pois bem, ele sofre
no corpo e pode, em caso extremo, perder o corpo; mas, perdendo o corpo, perde
o que é mortal, ao passo que salva a alma para a eternidade.
O valor desse projeto
Platão desejava o domínio inconteste da racionalidade,
com a qual coincidem substancialmente a virtude (a virtude é, fundamentalmente,
racionalidade) e também a liberdade (a liberdade é liberdade da razão em face
dos instintos e dos impulsos alógicos, e se revela no domínio que a razão exerce
sobre eles).
Vamos dizer que os iluministas quiseram destruir toda a filosofia escolástica , tornando a disassociar a filosofia grega da filosofia cristã.
ResponderExcluirRousseau foi um expoente nisso , influenciando membros da 'intelligentsia' até hoje . Paulo Freire que o diga . E Gramsci também.