"A tropa é o reflexo do chefe e o seu mais severo juiz;
guarda-lhe as mínimas palavras e observa-lhe com atenção a atitude." – Antigo N.19, Regulamento para o Serviço em Campanha, de
1932:
Mulheres que querem a patente mais alta
Ana Maria, Regina Lúcia e Carla têm uma coisa em comum: elas
fazem parte de um seleto grupo de sete mulheres que, nos próximos cinco anos,
podem se tornar as primeiras oficialas-generais da história do Exército
brasileiro. Hoje elas estão se formando na escola de comando, o que as torna
aptas a dirigir uma unidade da corporação e depois chegar ao topo da carreira
militar. Com exceção de Regina, que é filha de general, as outras majores são
casadas com militares, mas entraram na carreira por vocação.
Para chegar à graduação de general de brigada, primeiro
posto do quadro de oficiais-generais, as majores ainda terão de passar por
algumas etapas, como atingir as patentes de tenente-coronel e coronel, o que
pode levar pouco mais de cinco anos. Hoje elas estão na Escola de Comando do
Estado Maior do Exército (Eceme), de onde sairão prontas para assumir outras
funções. “Ser general não é porque você quer. Há uma série de contingência”,
diz a major Regina Lúcia Schindel, cardiologista, filha do general Antônio
Jorge da Cruz Schindel. “A nossa carreira depende muito mais da
intelectualidade do que da força física”, diz a oficiala.
Apesar de ser casada com um tenente-coronel da reserva, Ana
Maria Jorge Teixeira não é de família com tradição militar. Engenheira de
fortificação do Instituto Militar de Engenharia (IME), a major está há 15 anos
no Exército e decidiu unir seus conhecimentos à vontade de ajudar comunidades
carentes em áreas remotas do país. “Vi a oportunidade de juntar coisas que eu
gostava muito”, diz Ana Maria, observando que na sua profissão é preciso ser
organizada para chegar a outros postos. Hoje ela participa de pesquisas para
emprego em fins militares e civis, como pontes móveis, como as que foram usadas
para socorrer moradores durante as enchentes na região serrana do Rio de
Janeiro.
Das três oficialas, a major Carla Maria Clausi é a mais
falante. Formada em medicina pela Universidade Federal do Paraná, ela já foi
secretária de Saúde em Guajará-Mirim (RO), onde o marido coronel servia há 20
anos. Seu sonho é dissiminar o que aprendeu como médica da rede pública tanto
no Exército quanto na área civil. “Penso que podemos melhorar e muito o nosso
atendimento se reunirmos o que há de melhor na medicina praticada aqui dentro e
lá fora”, observa a major Carla, que fez cursos de graduação durante dois anos
na Bélgica e foi a primeira colocada na Eceme.
A natureza do comando
Por que importante na guerra contar com uma boa liderança
militar?
A responsabilidade em um exército repousa sobre um só homem.
O general é responsável por tudo que sua tropa faça ou deixe
de fazer.
Antes de mais nada, porque uma força militar, qualquer que
seja o seu nível, só vale pelo que valer seu conjunto. E esse valor do conjunto
não"é o simples somatório das capacidades individuais, mas algo que resulta
da sua integração.
Tomemos um batalhão de infantaria, que é a unidade básica de
emprego, e imaginemo-lo na área de defesa avançada, de uma brigada com a missão
de defesa da área. Isto é, esse batalhão está em posição defensiva e não há a
ideia de permitir uma penetração do inimigo.
Visualizando-se no terreno com duas de suas três companhias
de fuzileiros em primeiro escalão e a outra em reserva, imaginando-se cada uma
dessas companhias atuando como se a sua missão de defesa nada tivesse a ver com
a missão das demais. As da frente preocupadas unicamente em não "deixar
passar" o inimigo através suas zonas de ação. A reserva apenas dedicada a
planejar a ocupação de posições de bloqueio ou a realização de contra-ataques,
no caso de penetração inimiga. Todas elas aproveitando o terreno da lhor
maneira para o cumprimento das suas missões.
Com toda a certeza, ter-se-ia, na área de defesa avançada do
batalhão, dois núcleos defensivos de companhia muito bem organizados e, na área
de reserva, posições de bloqueio fechando as possíveis vias de acesso do
inimigo no interior da posição da unidade.
Porém, ainda que cada um desses elementos de manobra do
batalhão talhão tivesse procurado atender a todos os dez fundamentos da defesa
na sua zona de ação, a falta de coordenação do nível superior iria determinar a
não-obediência a alguns conceitos básicos.
Não haveria um adequado apoio mútuo entre as companhias de
primeiro escalão, pela inexistência de adaptação dos seus planos de fogos
próprios às necessidades do vizinho ou pela ausência de posições dos pelotões
das extremidades, que pudessem ser ocupadas para apoiar o esforço da companhia
do lado contra eventuais êxitos da atacante.
A companhia reserva não teria condições de realizar fogos
com segurança nos intervalos entre os núcleos da frente, por desconhecer
exatamente suas posições. Seus planos de contra-ataque pecariam por prever
direções sobre núcleos de defesa de pelotões que sequer saberiam como apoiar
esta ação ofensiva.
Fica à consideração do leitor a projeção desse involuntário
ego¬centrismo das companhias, por falta de coordenação, às ações da subunidade
com a missão de apoiar pelo fogo aquelas três, da responsável pelo apoio
logístico e à encarregada de fazer funcionar os órgãos de comando da Unidade.
E, mais além, a extrapolação para a brigada, a divisão, o
exército de campanha.
Brilhantes companhias; precários batalhões.
Brilhantes e não coordenadas companhias! Precários batalhões
não integrados.
O cenário tático ora formulado poderia ser também concebido
na área da estratégia, da instrução militar, da logística e como desaguadouro
natural de todos esses desencontros, na do moral da tropa.
Para evitar esses brancaleônicos esforços isolados, existe
uma estrutura de coordenação, apoiada nos comandantes de todos os escalões, de
maneira que haja sempre uma pirâmide de comando e coordenação em cada nível, um
responsável no seu topo.
Ele é o responsável pelo preparo e pela coordenação das
ações de todos os elementos (de manobra, de apoio de fogo, de apoio logístico,
de comando) a ele subordinados. Mesmo que conte com um grande estado-maior
combinado para assessorá-lo, é ele quem responde pelo resultado das decisões e
planejamentos.
Em suma, de sua ação de comando depende o valor da tropa,
que é, "em última análise, (o) que decide da vitória. Todas ás suas (da
tropa) qualidades—disciplina, instrução, habilidade no tiro, treinamento de
marchas, aptidão manobrista e, acima de tudo, qualidades morais — são elementos
indispensáveis para assegurar o bom êxito".
Por tudo isso, ele é O Responsável.
Mas, para que tudo funcione bem, ele também tem de ser
"O Respeitado".
É a fé na sublime missão de comandar e a consciência de toda
a responsabilidade e deveres nela envolvidos que permitem a um chefe, numa
espécie de transe da chefia, abrir mão do direito de ter medo, sair de dentro
do seu envoltório físico, pairar acima do próprio eu e dar o exemplo adequado
ao nível de seu comando.
Exemplo do tenente ou do sargento que indicam a direção de
ataque com os próprios rastros; do capitão que ocupa seu posto de observação na
linha de frente; do coronel que faz o reconhecimento sujeito ao bombardeio; do
general que avança seu posto de comando para melhor coordenar o contra-ataque
da brigada.
Exemplo do chefe que vai às últimas consequências para defender
um subordinado injustiçado; do comandante que faz ver ao chefe imediato seu
desagrado por uma desconsideração com sua Unidade, ou sua leal opinião
contrária a uma linha de ação de ataque elogiada por este.
Exemplos de coragem que convencem, conquistam a confiança e
arrastam. Exemplos do chefe, para uma tropa ávida por admirá-lo, respeitá-lo e
segui-lo.
Portanto, a coragem, no chefe militar, tem a dupla função de
não lhe permitir hesitações que invalidem oportunidades de vitória e de
facilitar-lhe, por meio de exemplos, incuti-la em sua tropa.
Esse processo de decisões desassombradas e de emulação da
bravura fluirá mais facilmente e terá maior coesão, se iniciado de cima,
fazendo com que cada chefe tenha um exemplo no chefe superior e seja um exemplo
para seus subordinados, e com que a cora¬gem se dissemine e se nivele.
E quais são algumas das possíveis calamidades que podem
ocorrem em virtude de um mau comando militar?
A debandada poderá ser decorrência de uma decisão imprudente
de se lançar arrojadamente, mas sem sabedoria, uma determinada força contra
outra nitidamente mais forte. Poderá, também, resultar de um julgamento errado
do valor do inimigo.
A destruição poderá advir da falta de controle sobre os
comandantes subordinados.
A desorganização será consequência natural de um estilo de chefia
"laissez-faire".
A vitória não se contenta com virtudes da última hora. A
realidade do campo de batalha é que aí não se estuda; simplesmente faz-se o que
se pode para aplicar o que se sabe. Por consequência, para aí poder alguma
coisa, torna-se necessário saber muito e bem.
O chefe que conhece a profissão só exige de sua tropa esforços
úteis; não a consome fora de tempo, e no combate não sacrifica existências
inconscientemente. A ignorância é nefasta; torna o chefe irresoluto, tímido, e
faz com que a tropa perca rapidamente a confiança que nele deposita.
Objeções às mulheres no comando militar
Estariam as mulheres aptas ao comando militar e a exercer o
cargo de chefia?
A história está repleta de exemplos de mulheres que quando
lideraram as tropas redundaram em enormes fracassos (salvo poucos exemplos como
da GRANDE JOANA D’ARC).
As mulheres não tem aptidão em analisar todos os fatores
para a formação de uma tropa, em analisar o adestramento de seus soldados e
raras são as que demonstram a coragem de em pessoa liderar seus soldados.
O que vai resultar em tropas mal preparadas, mal comandadas
que antes de um combate estariam derrotadas dada a desorganização.
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