sexta-feira, 27 de julho de 2012

A busca pela verdade


O grande filosofo, Olavo de Carvalho com razão disse, que verdadeiro estudante de filosofia ler obras como “Fenomenologia do espírito” de Hegel, “Crítica da Razão Pura” do Kant, “Meditações metafísicas” de René Descartes, “O Ser e o tempo” de Martin Heidegger, mas só lendo Platão e posteriormente Aristóteles que vai realmente saber o que é ser um filosofo, não só a debater, mas ser um espírito maduro.
Uma obra genial que deveria ser ensinado incessantemente nas escolas é “A república” de Platão, que é sem duvida nenhuma uma das maiores obras primas da filosofia.
O mito da caverna, no livro VII, simplesmente  é sensacional ao tratar sobre a alienação humana e do conhecimento.
Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.
Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.
Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se movendo e avance na direção do muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que encontre e saia da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.
Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, correrá, segundo Platão, sérios riscos - desde o simples ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomaram por louco e inventor de mentiras.
A caverna: representa o mundo da aparência, os prisioneiros são as pessoas comuns em sua vida rotineira, os grilhões são os preconceitos e opiniões que mantém as pessoas em estado de ignorância e as sombras são Ilusões, falsas “verdades” que levam o homem ao erro (fazendo-os pensar que o que parece ser é).
O mito trata de como os homens vivem ilusoriamente, que vivemos acorrentados a falsas crenças, preconceitos, ideias enganosas e, por isso tudo, inertes em suas poucas possibilidades.
O ser humano vive alienado do mundo, numa realidade a parte, que no impede de enxergar a verdade, o que ele percebe são sombras do que o mundo verdadeiramente é.
O fugitivo é o sujeito questionador que não se contenta em aceitar passivamente as coisas, o caminho para liberdade: é o caminho da crítica, o sofrimento provocado pela caminhada representa à resistência as novas ideias, a reação inicial de estranheza ou negação diante a novidade e inovação e a ferramenta que liberta o prisioneiro é questionar tudo.
Uma das maiores fontes de alienação dos dias de hoje, é a mídia.
No livro V, Sócrates tratando sobre a arte e o espetáculo, ele diz que os que só parecem ser filósofos gostas dos espetáculos, mas o verdadeiro filosofo, ama os espetáculos da verdade. Não existe problema em curtir espetáculos, assistir filmes e ver televisão, o problema é tomar tudo como realidade, quando é convicção. Não pode deixar que a mídia te aliene.
No jornalismo mídia mostra parte dos fatos e de uma maneira tendenciosa, não tem permite ter uma noção completa do mundo, por isso o máximo de atenção com o que vai se acreditar.
Para se libertar das correntes terá de abandonar suas falsas crenças que impedem de ser libertar para ver a verdade.
Platão no livro V, usa o sol como uma metáfora para a fonte da iluminação intelectual, que argumentava ser a Forma do Bem. A metáfora é sobre a natureza da realidade última e sobre como o conhecimento é adquirido pela razão.
O olho, diz Platão, é pouco usual entre os sentidos, visto que necessita de um meio, a luz, para conseguir funcionar. A melhor e mais forte fonte de luz é o sol; com a sua luz, os objetos podem ser apreendidos de maneira clara, pela razão.
É o uso da razão para apreender o mundo e o compreender.
Quando largamos os grilhões das ilusões, com opiniões mal fundamentadas e começamos a enxergar o mundo de maneira racional, tudo começa a ficar mais claro e iluminado.
Mas para isso tem de buscar a verdade, ter uma paixão pelo conhecimento e descobrir a essência das coisas em sua totalidade, não deixando nada de fora.
Não pode e nem deve condicionar o critério de verdade de maneira pragmática, mas sendo sua busca sem ambição e busca pela riqueza. Independente de qualquer circunstância, um verdadeiro filosofo busca a verdade, sem medo de preconceito das pessoas, reprovações e tudo mais
 No capítulo IX, Platão trata do caráter do sobreano-filosofo, o grande filósofo defende que um governante para ser bom tem de ter temperamento moderado e ser governado pela razão, porque querem é governado pelos desejos acaba sendo um tirano.
Os desejos quando guiam nossas ações nos impelem para cometer os piores desatinos, sem vermos se é bom ou ruim, acabamos agindo de maneira impulsiva e irrefletido, por isso é necessário o controle dos desejos e portanto das paixões.
A filosofia brasileira hoje é dominada pelo marxismo e pelo positivismo-lógico, o primeiro se importa mais com o discurso econômico reducionista, enquanto o segundo se preocupa em analisar os discursos e está com sua obra atrelada a ciência. A filosofia brasileira carece de pensadores que busquem não um conhecimento parcial, mas do todo e instiguem não as pessoas a terem ideias pré-moldadas em sua cabeça, mas instigarem a buscar a verdade e a saírem dos grilhões que estão presas.
Se implantou nas escolas o ensino de filosofia, mas os filósofos brasileiros formados em várias universidade como a USP seguem a linha laica positivista, usarão suas aulas para trampolim para propagar suas ideologias, não para instigarem seus pupilos (ou alunos) a serem pessoas autônomas, eles traçarão a linha para o que podem criticar e o que não podem, delimitando a sua razão ou o que podem pensar, se pode falar mal da religião, da tradição, do casamento tradicional, mas é proibido falar mal do feminismo, do aborto e do casamento gay.
Quando nos libertamos da matrix ou das “correntes que nos prendiam na caverna”, passamos a buscar a verdade e claro que se põe muita coisa em duvida, isso é confundido com fundamentalismo, mas é a busca do mundo e da realidade tal qual existem independente de nossa vontade, não é simplesmente se trancar numa gaiola e achar que não existe e usar de um vocabulário enriquecido para se justificar, isso não é um filosofo ou um homem esclarecido. Um verdadeiro homem maduro ele busca a verdade pura e simples por mais desagradável que seja, não foge dela.

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