quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Mito da Caverna e a televisão


Resumo do Mito da Caverna:

Imaginemos todos os muros bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.

Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.

Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se movendo e avance na direção do muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que encontre e saia da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.

Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, correrá, segundo Platão, sérios riscos - desde o simples ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomarão por louco e inventor de mentiras.


Explicação com a contextualição moderna:

Muitas pessoas consideram que a época em vivíamos em cavernas, onde nossa percepção de mundo era limitada e nossos pensamentos eram adubados por mitos, ficou nas páginas dos livros de história, porém tal realidade platônica acontece hoje em dia e de uma forma meramente simples, que poucos conseguem perceber.

Ao refletirmos sobre a TV como o atual mito da caverna, entendemos que essa metáfora transforma a televisão na nossa caverna pós-moderna, retrato da cegueira intelectual que nos invade. Cada vez mais os telespectadores são induzidos a não pensarem, a tornarem-se alienados sociais. Invertendo o mito, a TV, a nossa caverna, tornou-se o confortável lugar de relaxar. Pela tela da TV tudo é mais fácil. Vemos e pensamos por meio dela. Mais ainda, duvidamos que existam outras possibilidades, outras realidades possíveis, tal como no antigo mito grego


No dia a dia, no interior de nossas casas, não temos correntes que nos envolvam e nos impeçam de irmos em direção a luz, mas criamos um meio moderno de amordaçar, feito com material mais resistente que o aço das correntes, cujo efeito é mais devastador. Na alegoria da caverna, as correntes prendiam somente a matéria, ou seja, o corpo, esse novo tipo de grilhão sufoca a mente e o corpo. Já essa nova amordaça nos tira a vontade de conhecer a realidade, nos torna alienados e acomodados.

Essa mordaça necessita de eletricidade, é a nossa televisão, que nos aparece, por vezes, como se fosse a única verdade, a revelação absoluta, constrói e destrói ao seu bel prazer - nos vestimos, nos comportamos como a tela mostra. Eis aí o comportamento da sociedade atual, as sombras (informações fornecidas pela mídia) são fortemente controladas.

Acomodamo-nos a essa vida de constante conforto e de passividade intelectual. Às vezes, surge alguma discussão acalorada sobre um capítulo de novela ou uma notícia da hora, melhor ainda, de algum episódio de um reality show que mostra exatamente como são as pessoas sem nenhum disfarce. A vida como ela realmente é.

É fato que a televisão é presente no dia a dia de grande parte da população mundial, produzindo costumes, gostos, hábitos, maneiras diferentes de se portar diante da sociedade, que não são nossas e nem se assemelham a nós. E pior, vamos adotando como referência os donos dessas imagens, permitindo que eles se tornem tutores da nossa cidadania.

Outra razão para a overdose de TV está no fato dos pais não terem muito tempo ou recursos para dedicar-se aos filhos, que usam a TV como "babá eletrônica".

Qualquer professor sabe o quanto é difícil dialogar e transmitir valores a alunos superexpostos à caixa (televisão), muitas das nossas crianças não leem livros em hora alguma e boa parte não brincam com amigos.


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