sábado, 9 de junho de 2012

A decadência ocidental

 Queria tratar aqui da corrosão do ocidente que tem em nas bases de sua razão e sua moral corridas. Se alcançamos o progresso graças ao uso da razão, do livre debate e a moral garantia a harmonia social, tudo isso anda ameaçado.  O politicamente correto, desconstrucionismo, ceticismo e o relativismo moral, que ficam minando o debate de determinados temas, a possibilidade humana de chegar a um conhecimento e a estabelecer uma moral.


- Politicamente correto aplicado primeiro ao universo linguístico e que se estendeu para várias práticas sociais, políticas e culturais em vários países do Ocidente nas décadas seguintes. No começo, o que foi chamado de forma pejorativa de "politicamente correto" era uma intervenção de caráter puritano na linguagem, com o objetivo de banir o uso de determinados termos considerados preconceituosos, injustos, imprecisos ou ofensivos a determinados segmentos sociais, como mulheres, negros e homossexuais, entre outros. A ideia do politicamente correto, que passou a definir o que seria aceitável e apropriado na linguagem, alcançou com o passar dos anos as práticas sociopolíticas, defendido principalmente por grupos de ativistas, como as feministas, o movimento gay e o movimento negro. O fenômeno assumiu características totalitárias, ao tentar impor mudanças nas narrativas históricas e até mesmo em obras artísticas, quando as considera ofensivas a alguns de seus preceitos.
 

Inclusive o politicamente correto, tenta eliminar o debate, sobre determinadas ideias,  ao tentar debater assuntos como cotas raciais, casamento homossexual, orientação versus opção sexual, você estaria simplesmente sendo preconceituoso. Determinados temas não podem ser debatidos, tem de serem aceitos e sem discussão. 

Não se aceita a possibilidade de questionar determinados temas, não de busca vencer usa os argumentos para quem questiona algo aceite determinada idéia, mas se impõe. E tenta coagir a pessoa a se silenciar, usando da coação moral.

Em todos os seus empreendimentos a razão deve-se submeter à critica; se limitasse a liberdade de critica com qualquer proibição, prejudicar-se-ia e atrairia para si suspeitas desfavoráveis; não há de tão importante, com relação a utilidade, nem nada de tão sagrado que possa escapar a esse exame profundo e rigoroso que não respeita ninguém. É nessa liberdade que se baseia a existência da razão, que não tem absolutamente autoridade ditatorial, mas decisão nada mais de acordo com os cidadãos livres por meio do qual cada um deve se manifestar, sem obstáculos, suas dúvidas e até seu poder de veto. Todo ser humano traz consigo o direito de submeter ao julgamento em sua razão pensamentos e duvidar daquilo que não acreditamos. Os questionamentos são supervisores saudáveis a uma critica sadia ao que se acredita.
Estão querendo jogar o homem em uma minoridade moral, no qual o retira o hábito de pensar por si mesmo e questionar tudo, para aceitar como em uma ditadura totalitária. Aonde não se cria cidadãos, mas servos.

- A desconstrução é uma forma de semiótica análise, derivado principalmente do trabalho iniciado pelo filósofo francês Jacques Derrida que propõe a desconstrução de todos os textos onde oposições binárias são colocados para trabalhar na construção de significado e valores. A primeira tarefa da desconstrução, começa com a filosofia e depois revelá-la operacional em textos literários e textos jurídicos, seria para derrubar todas as oposições binárias da metafísica (significante / significado, sensível / inteligível; escrita / fala, passividade / atividade, etc) . 

Derrida destruiu a concepção tradicional de que a linguagem pode veicular um significado, emergindo das suas análises a revelação de que o significado produzido pela linguagem é coextensivo da própria linguagem, uma vez que os seus sentidos se encontram disseminados na própria área total do texto, através de infinitas possibilidades de sentido. 

O desconstrucionismo acaba minando os juízos analíticos humanos. 

Os juízos analíticos (afirmativos) são, pois, aqueles em que o enlace do sujeito com o predicado se concebe por identidade; aqueles, ao contrário, cujo enlace é sem identidade, devem chamar-se juízos sintéticos. Poder-se-ia também denominar os primeiros de juízos explicativos, e aos segundos, de juízos extensivos, pelo motivo de que aqueles nada aditam ao sujeito pelo atributo, apenas decompondo o sujeito em conceitos parciais compreendidos e concebidos (ainda que tacitamente) no mesmo, enquanto que, pelo contrário, os últimos acrescentam ao conceito do sujeito um predicado que não era de modo algum pensado naquele e que não se obteria por nenhuma decom­posição.

Os juízos analíticos seguem o “princípio de contradição”, é este um critério universal da verdade, embora meramente negativo, pelo que pertence exclusivamente à Ló­gica em virtude de se aplicar aos conhecimentos considerados apenas como conhecimentos em ge­ral e independentemente do seu conteúdo, limitando-se a declarar que a contradição o destrói completamente.

 Pode-se fazer dele, entretanto, um uso positi­vo; isto é, não somente para rechaçar o erro (em­bora se baseie em uma contradição), senão também para conhecer a verdade. Porque se o juízo é ana­lítico, quer seja afirmativo ou negativo, sempre poderemos conhecer perfeitamente a verdade por meio do princípio de contradição. De fato, o con­trário do que já está contido como conceito ou do que é concebido no conhecimento do objeto, será negado sempre com razão, e necessariamente afirma-se esse conceito porque o contrário a este conceito estaria em contradição com o objeto.   

Existe uma fórmula deste célebre princípio, que contém uma sín­tese que indevida e desnecessariamente passou com o próprio princípio. A fórmula é esta: é im­possível que uma coisa seja e não seja ao mesmo tempo. 

Diz isto: uma coisa = A, que é algo = B, não pode ao mesmo tempo ser não B. Porém, isto não impede que sucessivamente possam ser ambas as coisas (B igual a não B). Por exemplo, o homem que é moço não pode ser ao mesmo tempo velho, porém, esse mesmo homem pode ser jovem num tempo e em outro não jovem, isto é, velho.

Se eu disser: um homem que é ignorante não é instruído, tenho que acrescentar a condição: ao mesmo tempo, mesmo porque o ignorante numa época pode ser instruído em outra, mas se eu afirmar: nenhum homem ignorante é instruído, a proposição então é analítica, porque o caráter da ignorância constitui aqui o conceito do sujeito, re­sultando imediatamente esta proposição negativa do princípio de contradição, sem ser necessário acrescentar a condição ao mesmo tempo.
O desconstrucionismo acaba deturpando os textos tradicionais, dando uma interpretação totalmente incoerente ao que o autor quis escrever. Seguindo o "principio da contradição", não tem como no predicado  do sujeito da uma interpretação diversa, contrária ao que foi escrito.  O que acontece é destruir o significado do texto. O que acontece é que acaba os jovens não conseguem mais interpretar o texto literário, eles buscam significados que não existem na obra.

- O ceticismo é a doutrina que afirma que não se pode obter nenhuma certeza absoluta a respeito da verdade. Essa ignorância artificial  científica acaba minando todas as bases do conhecimento, destruindo de todas as maneiras sua confiança e certeza.

O máximo que poderia acontecer é o ceticismo moderado, o levar a revisar todo seu conhecimento, para corrigir alguns erros, mas jamais se deve aceitar a impossibilidade de se conhecer a verdade.

- O relativismo moral é mais facilmente compreendido quando comparado com o absolutismo moral. O absolutismo afirma que a moralidade depende de princípios universais (lei natural, consciência).  O relativismo moral afirma que moralidade não é baseada em qualquer padrão absoluto. Ao contrário, “verdades éticas” dependem da situação, cultura, sentimentos, etc. O relativismo moral está ficando cada vez mais popular nos dias de hoje.

Os relativistas podem até argumentar que valores diferentes entre culturas diferentes mostram que as morais são relativas para pessoas diferentes. Mas esse argumento confunde as ações dos indivíduos (o que eles fazem) com padrões absolutos (se devem fazê-lo ou não). Se a cultura é o que determina o certo e errado, como poderíamos ter julgado os nazistas? Afinal de contas, eles estavam seguindo a moralidade de sua própria cultura. Eles estavam errados apenas se o assassinato fosse universalmente errado. O fato de que tinham “sua moralidade” não muda isso. Além disso, apesar de muitas pessoas demonstrarem a moralidade de formas diferentes, elas ainda compartilham uma moralidade em comum. Por exemplo, os aborcionistas e anti-aborcionistas concordam que o assassinato seja errado, mas descordam em se aborto é assassinato ou não. Até nesse caso vemos a veracidade da moralidade universal absoluta.

Alguns afirmam que situações diferentes causam moralidades diferentes – em situações diferentes, os atos diferentes são julgados de uma forma que talvez não seja correta em outras situações. Há três coisas pelas quais devemos julgar uma ação: a situação, o ato e a intenção. Por exemplo, podemos condenar uma pessoa que tentou cometer assassinato (intenção) mesmo se tenha falhado (ato). Então, as situações fazem parte da decisão moral, pois preparam o contexto no qual podemos escolher o ato moral específico (a aplicação dos princípios universais).

O argumento principal que os relativistas tentam usar é o da tolerância. Eles afirmam que é intolerante dizer a alguém que a sua moralidade esteja errada, e o relativismo tolera todas as posições. No entanto, isso é simplesmente um engano. Antes de tudo, o mal nunca deve ser tolerado. Devemos tolerar o ponto de vista de um estuprador de que mulheres são objetos de gratificação a serem usadas? Segundo, esse argumento se destrói porque os relativistas não toleram a intolerância ou o absolutismo. Terceiro, o relativismo não pode explicar por que qualquer pessoa deva ser tolerante em primeiro lugar. O fato de que devemos tolerar pessoas (mesmo quando descordamos) é baseado na regra moral absoluta de que devemos sempre tratar as pessoas justamente – mas isso é absolutismo de novo! Na verdade, sem os princípios universais morais, a bondade não pode existir.

O fato é que todas as pessoas nascem com uma consciência e todos nós instintivamente sabemos quando ofendemos ou fomos ofendidos. Agimos como se esperássemos que as outras pessoas reconhecessem isso também. Mesmo como crianças, conhecíamos a diferença entre "justo" e "injusto". É necessária uma filosofia ruim para nos convencer de que estamos errados.

Conclusão 

Em nome de um mundo melhor, de uma autonomia humana, se colocando em dúvida a razão humana, tem a pós-modernidade arruinado toda uma herança cultural.  

Tem se promovido a supressão da crítica e do debate sobre determinados temas, se impõe simplesmente, em nome de um mundo melhor em nome de um mundo melhor e sem preconceitos, não buscando fundamentar a ideia, mas a impondo.

Ao mesmo tempo em que se suprime os debates sobre determinados temas, se relativiza a moral humana, sem impor limites de conduta, no qual a juventude está cada dia mais sem limites e prática os piores atos, estamos perdendo a noção de certo e errado e é relativo, inclusive o valor a vida está sendo relativizado ao praticar ao aborto.

O ceticismo e desconstrucionismo promovem o irracionalismo, no qual se deturpa o significado das palavras e portando sua análise correta da sobras e se mina a possibilidade de se chegar a verdade, afinal não existiria uma verdade O que mina o conhecimento.

5 comentários:

  1. Bom texto.



    Os relativistas morais dizem que toda avaliação de certo/errado, melhor/pior, é algo cultural e que, portanto, não pode haver julgamento. Então, como o autor deixa no ar, devemos perguntar a esses mesmos relativistas se o julgamento dos nazistas realmente poderia ser dado, já que, seguindo a lógica deles, verdade não existe, e que tudo depende do contexto. Esquecem-se esses mesmos relativistas politicamente corretos que, se tudo é derivado de um contexto cultural, ora bolas, então essa própria ideia deles também é fruto de um contexto cultural.



    Eu fico imaginando se pensadores como Schopenhauer, Nietzsche (e Nelson Rodrigues) estivessem vivos hoje. Todos esses gênios seriam execrados pelo politicamente correto. Se estivessem no Brasil, poderiam, em vez de estarem nos passando seus sábios ensinamentos e descobertas, poderiam estar presos, literalmente encarcerados por não serem tolerantes com o mau e com o ruim.



    Estamos num tempo onde a HIPOCRISIA atingiu seu mais alto grau. O que os adeptos do politicamente corretos fazem, na verdade, é fugir do debate e da verdade, criando a falsa ideia de que quem julga é preconceituoso, e que quem não julga é santo e está do lado do bem.

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    1. As pessoas hj não tem mais uma bussola moral norteadora.Agem pelo impulso.

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  2. O politicamente correto é devastador para a cultura dos povos. É tão ridículo que une duas palavras totalmente contrarias que são: político e correto não existe.

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    1. Concordo. Mas não só ele, como o irracionalismo ceticista que é inimigo da razão. As pessoas não estão sendo estimuladas pela razão, mas pelo hábito e impulso para agirem.

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  3. Não parece haver meio de chegar à verdade, sendo a verdade um mero conceito estabelecido pela cultura e, portanto, fruto da imaginação. Desta forma, não há onde apoiar-se para julgar.
    Os nazistas não estavam certos e nem errados, pois certo e errado são conceitos abstratos e não fazem correspondência com a realidade objetiva.
    O politicamente correto exige crença e, portanto, limitação cognitiva.

    O ceticismo e o relativismo não são compatíveis com o politicamente correto, já que o politicamente correto exige a crença na moralidade.

    Me parece que todo ceticismo e relativismo precisa ser, necessariamente, amoral.

    Me parece que todo sujeito amoral está, necessariamente, para além do politicamente correto e incorreto - ou para antes.

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