quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A ilusão da beleza e juventude

Começarei postando um poema do filosofo latino Boécio, que o compôs enquanto estava preso como parte de sua obra filosófica: "A Consolação da Filosofia":

"Eu, que outrora compunha poemas plenos de alegria
Ai, sou forçado a usar tristes metros!
E eis que as Musas me ditam versos de dor,
E as elegias enchem meu rosto de verdadeiras lágrimas.
Pelo menos elas não oram tomadas pelo medo
Nem deixaram de serem companheiras neste amargo caminho.  
Glória de uma juventude outrora feliz e promissora,
Consolam agora o destino infeliz de minha velhice
Pois repentinamente veio a inesperada velhice,
E com ela todos os seus sofrimentos.
De repente minha cabeça encheu-se de cabelos brancos
E o meu corpo cobriu-se de rugas
A morte do homem é feliz quando, sem atacar os doce anos,
Nos acolhe no momento propício, e atende ao chamado dos doentes
Mas ah!, como ela sabe fazer surda aos miseráveis,
E, cruel ignorar os prantos!
Quão malévola Fortuna me favorecia com bens perecíveis, 
Quase me arrastou para a queda fatal.
Mas agora, tendo se revelado seu vulto enganoso,
Eu imploro, e  morte se nega a vir a mim.
Por que proclamaste muitas vezes minha felicidade amigos?
Quem se desvia é porque não estava no caminho certo." 




Eis uma mulher no auge de sua juventude e beleza, podendo conquistar o homem que deseja:



O esplendor de sua beleza, como desaparece rápido! Como é fugaz.  As flores da primavera são menos efêmeras:




Quanto aos homens que se destacam por suas qualidades físicas, muitos não percebem o quão tênue e frágil é esse bem com qual contam. Não podem se comparar ao porte dos elefantes, a força dos touros ou a velocidade dos tigres. Eles vivem uma fantasia achando que realmente possuem um físico avantajado, quando continuam sendo frágeis:




Se as pessoas tivessem olhos de lince para ultrapassar a superfície das aparências, à vista das vísceras de Alcibíades não achariam seu corpo medonho, que te acham tão belo, não é esse atributo da natureza dos olhos que te veem. Podeis vangloriar-vos quanto quiseres de suas qualidades físicas; bem sabeis que o objeto de vossa admiração pode ser levado por uma simples doença.  Falo que que como fato essencial que os atrativos incapazes de garantir os bens que prometem e que não reúnem em si a totalidade dos bens existentes não são o caminho que levam à felicidade, e portanto não são suficientes para levar o homem à verdadeira felicidade.Na verdade são bens frágeis que rapidamente são perdidos pela ação do tempo,ou antes por alguma doença ou acidente.Pessoas tentam enganar o tempo e a si mesmos, até ouras pessoas como plásticas e tratamentos estéticos estéreis que em nada ajudam. A velhice vem e com ela sua beleza ou o homem sua força. 
A busca pela beleza é uma ilusão melancólica, no qual não restará senão lamentar os anos passados de sua juventude.
E os cafas narcisistas que passam o dia todo malhando, saibam que a ação do tempo roubará de vc seu bem precioso. 
Estamos numa era que valoriza ilusões, no qual valorizamo coisas frágeis.

Um comentário:

  1. É o destino de cada membro da dita , geração saúde . Se preocuparam mais com o corpo , com a imagem , mas relegaram o aspecto interior , da mente , do (auto)conhecimento , mergulando-o a um mar de futilidades .

    E quando descobrem que a natureza é imbatível , não estariam preparados , e aí , os repensam suas próprias atitudes e mentalidades ou degringolam ainda mais melancolicamente .

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