sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A Ética aristotélica contra o liberalismo e socialismo

"Como dissemos anteriormente que se deve preferir o meio-termo e não o excesso ou a falta, e que o meio-termo e determinado pelos ditames da reta razão, vamos discutir agora a natureza desses ditames.

(...)

A virtude de uma coisa é relativa ao seu funcionamento apropriado. Ora, na alma existem três coisas que controlam a ação e a verdade: sensação, razão e desejo. Destas três, a sensação não é princípio de nenhuma ação: bem o mostra o fato de os animais inferiores possuírem sensação, mas não participarem da ação. A afirmação e a negação no raciocínio correspondem, no desejo, ao buscar e ao fugir; de modo que, sendo a virtude moral uma disposição de caráter relacionada com a escolha, e sendo a escolha um desejo deliberado, tanto deve ser verdadeiro o raciocínio como reto o desejo para que a escolha seja acertada, e o segundo deve buscar exatamente o que afirma o primeiro.

Ora, esta espécie de intelecto e de verdade é prática. Quanto ao intelecto contemplativo, e não prático nem produtivo, o bom e o mau estado são, respectivamente, a verdade e a falsidade (pois essa é a obra de toda a parte racional); mas da parte prática e intelectual o bom estado é a concordância da verdade com o reto desejo. A origem da ação — sua causa eficiente, não final — é a escolha, e a da escolha é o desejo e o raciocínio com um fim em vista. Eis aí por que a escolha não pode existir nem sem razão e intelecto, nem sem uma disposição moral; pois a boa ação e o seu contrário não podem existir sem uma combinação de intelecto e de caráter. O intelecto em si mesmo, porém, não move coisa alguma; só pode fazê-lo o intelecto prático que visa a um fim qualquer. E isto vale também para o intelecto produtivo, já que todo aquele que produz alguma coisa o faz com um fim em vista; e a coisa produzida não é um fim no sentido absoluto, mas apenas um fim dentro de uma relação particular, e o fim de uma operação particular. Só o que se pratica é um fim irrestrito; pois a boa ação é um fim ao qual visa o desejo.

Portanto, a escolha ou é raciocínio desiderativo ou desejo raciocinativo, e a origem de uma ação dessa espécie é um homem. (Deve-se observar que nenhuma coisa passada é objeto de escolha; por exemplo, ninguém escolhe ter saqueado Tróia, porque ninguém delibera a respeito do passado, mas só a respeito do que está para acontecer e pode ser de outra forma, enquanto o que é passado não pode deixar de haver ocorrido; por isso Agatão tinha razão em dizer:

"Pois somente isto é ao próprio Deus vedado: O fazer não sucedido o que uma vez aconteceu."

Como acabamos de ver, a obra de ambas as partes intelectuais é a verdade. Logo, as virtudes de ambas serão aquelas disposições segundo as quais cada uma delas alcançará a verdade em sumo grau.

(...)

Há uma diferença entre investigação e deliberação, pois esta última é a investigação de uma espécie particular de coisa. Devemos apreender igualmente a natureza da excelência na deliberação: se ela é uma forma de conhecimento científico, uma opinião, a habilidade de fazer conjeturas ou alguma outra espécie de coisa.

Não se trata de conhecimento científico, porque os homens não investigam as coisas que conhecem, ao passo que a boa deliberação é uma espécie de investigação, e quem delibera investiga e calcula. Tampouco é habilidade em fazer conjeturas, pois, além de implicar ausência de raciocínio, esta é uma qualidade que opera com rapidez, ao passo que os homens deliberam longamente, e diz-se que a conclusão do que se deliberou deve ser posta logo em prática, mas a deliberação deve ser lenta. Do mesmo modo, a vivacidade intelectual também difere da excelência na deliberação; é ela uma espécie de habilidade em conjeturar.
Não se pode, por outro lado, identificar a excelência na deliberação com uma opinião de qualquer espécie que seja. Mas, como o homem que delibera mal comete um erro, enquanto o que delibera bem o faz corretamente, claro está que a excelência no deliberar é uma espécie de correção — não, porém, de conhecimento ou de opinião. Com efeito, conhecimento correto é coisa que não existe, assim como não existe conhecimento errado; e a opinião correta é a verdade. Ao mesmo tempo, tudo que é objeto de opinião já se acha determinado. Mas, por outro lado, a excelência da deliberação envolve raciocínio. Resta, pois, a alternativa de que ela seja a correção do raciocínio. Com efeito, esta ainda não é asserção, mas a opinião o é, tendo já ultrapassado a fase da investigação; e o homem que delibera, quer o faça bem, quer mal, busca alguma coisa e calcula. Mas a excelência da deliberação é certamente a deliberação correta. Por isso devemos indagar primeiro o que seja a deliberação e qual o seu objeto. E, uma vez que existe mais de uma espécie de correção, evidentemente a excelência no deliberar não é uma espécie qualquer; porque o homem incontinente e o homem mau, se forem hábeis, alcançarão como resultado do seu cálculo o que propuseram a si mesmos, de forma que terão deliberado corretamente, mas o que terão alcançado é um grande mal para eles. Ora, ter deliberado bem é considerado uma boa coisa, pois é essa espécie de deliberação correta que constitui a excelência da deliberação — isto é, aquela que tende a alcançar um bem. Entretanto , é até possível alcançar o bem e chegar ao que se deve fazer mediante um silogismo falso — não, todavia, pelo meio correto, sendo falsa a premissa menor; de forma que tampouco isso é a excelência no deliberar — essa disposição em virtude da qual atingimos o que devemos, se bem que não pelo meio correto.

Por outro lado , é possível alcançá-lo por uma longa deliberação enquanto um outro homem chega a ele rapidamente. Por conseguinte, no primeiro caso não possuímos ainda a excelência no deliberar, que é a correção no que diz respeito ao conveniente — a correção tanto no que toca ao fim como ao meio e ao tempo. Além disso, é possível ter deliberado bem, quer no sentido absoluto, quer com referência a um fim particular. A excelência da deliberação no sentido absoluto é, pois, aquilo que logra êxito com referência ao que é o fim no sentido absoluto, e a excelência da deliberação num sentido particular é o que logra um fim particular. Se, pois, é característico dos homens dotados de sabedoria prática o ter deliberado bem, a excelência da deliberação será a correção no que diz respeito àquilo que conduz ao fim de que a sabedoria prática é a apreensão verdadeira." - Ética a Nicômaco de Aristóteles, Livro VI

Hoje encontra-se os conservadores em escolher qual caminho a seguir, porque existe o liberalismo com sue individualismo extremado e do outro lado o socialismo com seu coletivismo igualmente extremado. Não existe um meio-termo entre o bem-comum e minha individualidade. O que existe são ideologias prontas e cada uma você tem de a aceitar por completo, não existe uma síntese entre o bem comum e minha individualidade. E nessas escolhas vemos defesa de abominações como casamento gay, aborto, uso de drogas e eutanásia.

O ser humano tem a faculdade de sentir, raciocinar e realizar escolhas, com o sentidos temos acesso ao mundo externo, com o desejo fazemos escolhas, com a razão compreendemos o mundo externo e deliberamos qual melhor decisão tomar. Nossas escolhas sempre devem estar delimitadas pela moral, não devemos escolher algo só pensando em nosso interesse, mas pensar em não causar danos a ninguém e almejar que se alcance o bem coletivo. Em nome do lucro e meus interesses pessoais não posso apoiar causas lesivas a sociedade como o casamento gay ou em nome da coletividade abrir mão de meu sustento adquirido com meu trabalho. Deve-se buscar seu sustento com coisas úteis a sociedade ou que não lhe façam mal, buscando seu dinheiro.

Somos responsáveis por nossa vida e muitas vezes pelo que nos acontece, não temos pro causa de más escolhas culpar a sociedade, mas também somos membros de uma comunidade e devemos com nosso trabalho quando obtemos nosso sustento pensar em sermos uteis para ela. Os liberais pecam em achar que toda ação só é licíta quando pensamos de maneira egoísta, que é tolice, devemos estaremos embutidos de um auto-interesse, mas também pelo altruísmo em ajudar e sermos úteis. Os socialistas erram de maneira grosseira em achar que toda nossa ação deve ser em beneficio do coletivo, quando devemos pensar em nosso bem-estar pessoal.

Natural uma pessoa buscar acumular dinheiro para ter uma vida confortável, licito que ela o faça desde que por meios honestos, que não causem mal a sociedade. Nem sempre é claro fazemos uma ação buscando nosso bem em si, como por exemplo a caridade, quando ajudamos ao próximo.Mas ninguém em nome do Estado pode ser forçado a abdicar de nossos interesses em nome da coletividade.

Tanto o liberalismo quanto o socialismo são nocivos a sociedade, um prega o egoismo exacerbado sem se preocupar com o outro, esquecendo que não somos indivíduos isolados, mas uma comunidade e temos de contribuir para o bem dessa comunidade para que ela se conserve. O socialismo é o oposto, tudo em nome do coletivo e esquece que esse coletivo tem pessoas com histórias próprias e desejos, que tem de pensar nos indivíduos que compõe nesse coletivo para que ele se conserve e eles se empenhem a trabalhar em prol dele.

O ideal é o conservadorismo, que faz uma ponte entre a individualidade e o coletivo. Que busca tanto seus interesses pessoais quanto os da comunidade.

Por isso repúdio tanto Ayn Rand e Karl Marx.

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