sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O conservadorismo


Um estudo feito pela Universidade de Ontario, no Canadá, parece ser bastante provocador. A pesquisa chegou à conclusão de que pessoas menos inteligentes - sim, isso é um eufemismo - são mais conservadoras, preconceituosas e racistas.

O estudo revela que crianças com baixo QI estão mais dispostas a realizar atitudes preconceituosas quando se tornarem adultas. A pesquisa foi publicada na revista Psychological Science.

A descoberta aponta para um ciclo vicioso, em que esses adultos com pouca inteligência ‘orbitam’ em torno de ideologias socialmente conservadoras, resistentes à mudança e que, por sua vez, geram o preconceito.

As pessoas menos inteligentes seriam atraídas por ideologias conservadoras, segundo o estudo, porque oferecem ‘estrutura e ordem’, o que dá um certo ‘conforto’ para entender um mundo cada vez mais complicado.

"Infelizmente, muitos desses recursos também podem contribuir para o preconceito", disse Gordon Hodson, pesquisador chefe do estudo, ao site Live Science.

Ele salientou ainda que, apesar da conclusão, o resultado não significa que todos os liberais são ‘brilhantes’ e nem que todos os conservadores são ‘estúpidos’. A pesquisa é um estudo de médias de grandes grupos, disse Gordon Hodson.

Primeiramente não existe conexão do conservador ao racismo, pode-se dizer que não se aprova a relação homossexual que não é normal, mas todos somos iguais, negros, brancos, judeus, chineses etc.

O conservador não significa discirminar o diferente, mas defender a suas tradições. O conservador não é racista, ele acredita em valores acentrais.


A Revolução Francesa (1789-1799) é um fenômeno de marketing. Foi importante para medirmos a febre de um país sob um rei incompetente e não para nos ensinar a vida cotidiana em democracia.

Nada há na Revolução Francesa que tenha a ver com liberdade, igualdade e fraternidade. Essas palavras são apenas um slogan que faz inveja a qualquer redator publicitário.

Esse slogan, aliado ao que os revolucionários fizeram (mataram, roubaram, violentaram, enfim, ideologizaram a violência em grande escala), é uma piada.

É uma aula de marketing político: todo mundo cita a Revolução Francesa como ícone da liberdade.

O marketing da revolução ficou a cargo da filosofia. Primeiro caso na história de um fato claramente ideologizado para vermos nele outra coisa. Os "philosophes" do Iluminismo contribuíram muito para essa matriz do marketing político de todos os tempos, a Revolução Francesa.

Começa com a criação da ideia de que existe uma coisa chamada "povo que ama a liberdade" para além da violência que ele representa quando desagradado.

"Povo" é uma das palavras mais usadas na retórica democrática e mais sem sentido preciso.

A única precisão é quando há violência popular ou quando muitos morrem de fome por conta da velha miséria moral humana.

Os "philosophes" criaram um fantasma chamado "la raison", que seria a deusa dos revolucionários.

Se no plano bruto "la raison" justificaria assassinatos nos tribunais populares (que deixam as "cheerleaders" dos movimentos populares até hoje em orgasmo), no plano sofisticado do pensamento, seria a única capaz de entender e organizar o mundo desde então.

Esse fantasma da "la raison" nada tem a ver com a necessária faculdade humana de pensar para além dos desejos e medos humanos, que é muito dolorosa e rara.

Ela é uma deusa mítica que ficaria no lugar do Deus morto, dando a última palavra para tudo.

Segundo Russel Kirk, os termos “conservatif” ou “conservative” surgem na França nos primeiros anos do século XIX para se referir àqueles que se opunham à “era napoleônica” e à sua herança revolucionária. Grosso modo, o ethos da atitude conservadora era preservar as instituições políticas, sociais e morais que estavam no alvo dos desdobramentos de 1789. No limite, tratava-se de combater a dissolução das instituições e dos comportamentos ancestralmente cultivados.

Vemos, portanto, que o foco era uma defesa da sociedade em face da devastação em processo. Reencontramos assim, a oposição entre devastação e conservação a que fiz referência acima.

Este ethos me pareceu significativo. A relação histórico-filosófica entre ceticismo e importância da ancestralidade data da Grécia: diante da dúvida acerca da operacionalidade da Razão, hábitos e costumes se revelam como opção contra o erro. Hábitos e costumes são comportamentos e instituições de razoável sucesso diante das pressões sofridas pela humanidade em sua agonia ancestral.

No restante deste pequeno ensaio, discutirei introdutoriamente alguns traços do que seria um “espírito conservador” ou mesmo uma atitude, ou sensibilidade, ou caráter conservador. Para tal, dialogarei com Russel Kirk em seu The Conservative Mind.

A famosa frase de Edmund Burke sobre a desconfiança para com “sofistas, calculadores e economistas” resume a dúvida conservadora contra designs abstratos da sociedade. Aqui a relação entre dúvida e hábito se revela na sua face mais evidente: engenharias (sofistas, calculadas ou econômicas) sempre põem em risco esse equilíbrio frágil da vida no tempo e no espaço duramente compartilhado. Se duvido dessas engenharias, por conseqüência duvido das mudanças calculadas por elas.

Prefiro o conhecimento ancestral às “novidades da Razão”. Radicais desprezam a tradição, optam pelo império do racionalismo. O racionalismo desvaloriza o hábito ancestral em nome de sua força de cálculo.

Não há nada mais livre do que a imaginação humana; embora não possa ultrapassar o estoque primitivo de idéias fornecidas pelos sentidos externos e internos, ela tem poder ilimitado para misturar, combinar, separar e dividir estas idéias em todas as variedades da ficção e da fantasia imaginativa e novelesca. Ela pode inventar uma série de eventos com toda aparência de realidade, pode atribuir-lhes um tempo e um lugar particulares, concebê-los como existentes e des­crevê-los com todos os pormenores que correspondem a um fato histórico, no qual ela acredita com a máxima certeza. Em que consiste, pois. a diferença entre tal ficção e a crença? Ela não se localiza sim­plesmente em uma idéia particular anexada a uma concepção que obtém nosso assentimento, e que não se encontra em nenhuma ficção conhecida. Pois, como o espírito tem autoridade sobre todas as suas idéias, poderia voluntariamente anexar esta idéia particular a uma ficção e, por conseguinte, seria capaz de acreditar no que lhe agradasse, embora se opondo a tudo que encontramos na experiência diária.

Os mortos são nossa sabedoria ancestral viva na memória e nos hábitos. Os vivos são o presente; diante da insegurança estrutural de nossa Razão, são responsáveis por legar aos ainda não nascidos o cuidado com a vida da humanidade, sob a ameaça ancestral de nossa ontologia do fracasso.

O costume é, pois, o grande guia da vida humana. E o único princípio que torna útil nossa experiência e nos faz esperar, no futuro, uma série de eventos semelhantes àqueles que apareceram no passado. Sem a influência do costume, ignoraríamos completamente toda ques­tão de fato que está fora do alcance dos dados imediatos da memória e dos sentidos. Nunca poderíamos saber como ajustar os meios em função dos fins, nem como empregar nossas faculdades naturais para a produção de um efeito. Seria, ao mesmo tempo, o fim de toda ação como também de quase toda especulação.

Um comentário:

  1. Bom , ideologias prograssistas não possuiriam uma certa ordem inerente ? Se assim for , por que os que seguem uma ordem ideologica consevadora seriam somente estes considerados menos inteligentes ?

    Em outro modo de ver , a pesquisa , nas entrelinhas , afirma que ideais progressistam não possuem uma boa ordem para interpretar e interagir num mundo confuso . E ter uma linha de pensamento coerente em interagir com o mundo , é condição 'sine qua non' para o desenvolvimento e até mesmo sobrevivência de qualquer tipo de ideologia . Mesmo que essa linha de raciocínio se limite às cabeças de determinado movimento enquanto o resto seria massa de manobra .

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